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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Bolero de Isabel (8) j.quirino

Saibam quantos essas histórias escutaram
Que sou desses cabra poeta,
Feito de material recreativo
De propulsão matutal
Freguês de caderno das coisas do nordeste
Paraibano de Campina  Grande, da Serra da Borborema..
.

Saibam quantos essas histórias escutaram
Que sou desses cabra poeta,
Feito de material recreativo
De propulsão matutal
Freguês de caderno das coisas do nordeste
Paraibano de Campina  Grande, da Serra da Borborema...

É um notado por São Pedro

e arroxado por São Cosme e Damião
é uma paixão, é tentação, é um repente
igual ao quente do miolo do vulcão
Quer ver o bom é o aguado quando leva açúcar
é ter a cuca açucarada num beijo roubado
é um pecado confessado com um padre sereno
levar sereno num terreiro bem enluarado
é pinicado do chuvisco no chão pinicando
ficar bestando com um inverno bem arrelampado
é o recado da cabôca - num beijo mandando
tá namorando a cabôca do recado
Quer ver desejo é o desejo tando desejando
a lua olhando esse amor na brecha do telhado
é o rodeado do perú peruando a perua
é canarinha galeguinha cantando o canário
Zé do Rosário bolerando com Dona Isabel
Dona Isabel bolerando com Zé do Rosário
imáginário de paixão voraz e proibida
escapulida proibida pro imaginário
quer ver cenário é o vermelho da auroridade
é a claridade amarelada do amanhecer
é ver correr um aguaceiro pelo rio abaixo
é ver um cacho de banana amadurecer
anoitecer vendo o gelo do branco da lua
a pele nua com a lua a resplandecer
é ver nascer um desejo com a invernia
é a harmonia que o inverno faz nascer.

(bolero de ravel)

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